quinta-feira, 12 de julho de 2012

A Índia - 1ª sessão

Os posts com a Lany têm andado parados porque neste momento encontro-me a ajudar a dona de uma cadela, a Índia com alguns problemas.
Entre eles, a Índia é reactiva a cães e é nisso que estamos a trabalhar com mais afinco.

Este é o vídeo da primeira sessão de dessensibilização, com o primeiro cão que encontrámos naquele dia:



 PS: Qualquer semelhança da Índia com a Lany é pura coincidência =P

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Gelados de ração e patê

 Geladinhos super simples de se fazer só precisa de:

-Ração diária do cão
-Patê para cão(opcional)
-Copo de plástico descartável (iogurte ou neste caso de gelatina)

É só colocar a ração no copo, juntar água e colocar no congelador.
Para cães que sabe que não comem o plástico, pode dar com o copo (supervisione sempre). Caso lhe vá dar o gelado sem supervisão ou souber à partida que ele come o plástico, é só esfregar um bocadinho e retirar o bloquinho gelado do copo.

Bom apetite para os seus canitos!





sábado, 23 de junho de 2012

Estupidificados pela dominância - Parte II - por Dr.Karen Overall




Mudar a nossa maneira de pensar

Lutas por controlo de status social são extremamente raras entre canídeos selvagens, onde podemos incluir os lobos. O mesmo é verdade para humanos. A não ser que a situação envolva condições de stress social anormalmente elevadas ou severas (por exemplo, fome, guerra, demasiados indivíduos para poucos recursos), a maior parte das relações sociais humanas são estruturadas por negociações e deferência pelo outro em vez de violência. O mesmo padrão se verifica nos cães. Em resumo, tanto nas relações dos cães como nas relações dos seres humanos a violência é sinal que algo correu mal.

Depositar a nossa confiança no mito da dominância, normalmente resulta em comportamentos nada simpáticos ou mesmo abusivos para com os nossos cães levando a situações perigosas tanto para os cães como para os seres humanos. Uma melhor compreensão das regras sociais que se baseiam na deferência pode ajudar-nos a evitar comportamentos injustos, cruéis e muitas vezes perigosos que são o resultado de sermos estupidificados pela dominância.

O que queremos dizer por deferência? Deferência ocorre quando indivíduos sociais avaliam uma determinada situação e esperam calmamente o feedback de outro membro do grupo antes de decidir pelo uso de outros comportamentos ou interacções sociais.
Em sistemas baseados em deferência, as hierarquias são fluídas e flexíveis, dependendo do contexto e da informação trocada. O indivíduo ao qual os outros deferem pode ser diferente consoante as circunstâncias sociais; e o status e as circunstâncias não são absolutas e imutáveis.

Muito tem sido escrito sobre como os cães olham para os membros da sua família e os vêm como membros da sua “matilha”. É importante relembrar que matilha é apenas e só a palavra que descreve um grupo de cães assim como rebanho descreve um grupo de ovelhas e vara um grupo de porcos.

As verdadeiras matilhas caninas são constituídas pelos animais nascidos no sei do grupo social, sendo mais próximos uns dos outros ao nível familiar do que de outros animais noutra matilha. Na maior parte das casas que albergam mais do que um cão, os cães não têm laços familiares. A maneira como a maior parte dos cães vive quando em conjunto com outros cães é quase como que uma “anti-matilha”: As relações entre eles são impostas no momento em que um novo animal chega.

Por usarmos a palavra matilha de forma leviana, assumimos de certa forma que os humanos têm de ser os líderes da matilha. Esta suposição fez-nos comportar de forma errada em relação aos animais. Enquanto nos preocupamos com os cães, eles sabem que não somos cães e o seu relacionamento com cães e humanos será sempre diferente. É muito mais fácil entendermos as relações interdependentes e complexas entre cães e humanos se pusermos completamente de lado o conceito de matilha.

Fazer melhor pelos cães

Para entendermos e interagirmos com sucesso com os cães temos de perceber que o cão interage connosco e interroga-nos. Por vezes ele fá-lo oferecendo-nos uma série de comportamentos e esperando pela mudança no comportamento humano, vocalizando, dando-nos a pata ou sentando-se calmamente a olhar para nós. Este último comportamento é o que nos dá tempo e espaço para trocarmos informação com os nossos cães.

Interagir com o cão não tem nada a ver com dominá-lo. Tem sim, a ver com sinalizar claramente e ser consistente para que o cão aprenda e possa ter as pistas necessárias ao comportamento apropriado naquele momento.

Ao entendermos a história evolutiva do cão doméstico com o ser humano, como uma história partilhada, interdependente, de relação cooperativa, podemos criar uma estratégia mais efectiva de gerir as nossas preocupações com o comportamento canino.

1.Devemos a todo o custo evitar as situações que sabemos que irão provocar o comportamento errado no cão. O nosso objectivo deverá ser evitar reforçar inadvertidamente o comportamento inapropriado.

2.Devemos interromper de forma humana os comportamentos problemáticos – sem recompensa-los – o mais cedo possível.

3.Devemos observar cuidadosamente e recompensar o cão pela oferta livre e por vezes inesperada de um comportamento apropriado. Ao fazermos isto, informamos o cão de quais são os comportamentos desejados. É completamente injusto para o cão ter de tentar adivinhar o que queremos no meio de punições e gritaria. Por exemplo, podemos dizer milhões de vezes a uma pessoa o que não fazer, mas a menos que mostremos a essa pessoa como o fazer correctamente, ela vai sempre cometer erros.



Este padrão simples, baseado no conhecimento de que os cães são seres cognitivos e que procuram perceber o que queremos deles, permite que a aprendizagem e a recuperação ocorram e que os cães melhorem sem o uso de violência.

Escapar à punição

Ao recusarmo-nos a sermos estupidificados pela dominância também podemos mudar a nossa percepção da punição. O castigo físico é frequentemente recomendado para mudar comportamentos e pode incluir o uso de correcções de coleira ou trela, correcções com coleiras estranguladoras ou de bicos, uso de coleiras de choque, bater no cão, forçar o cão a andar e bater na árvore ou no poste para que preste atenção ou atar o cão de modo a que não se consiga mexer. Todas estas técnicas estão inseridas no coceito da necessidade de dominar o cão, como meio de controlo sobre o mesmo. Algumas destas técnicas envolvem abuso óbvio, outras podem facilmente ser usadas de forma abusiva. Nenhuma delas é recomendável.

A verdadeira definição de punição não requer dor; requer sim um estímulo suficientemente poderoso para que o cão deixe de fazer o comportamento com o resultado subsequente  de que a probabilidade do cão voltar a oferecer o comportamento no futuro diminua. As partes enfatizadas da frase são importantes porque se estas condições não forem reunidas, o cão não está a ser punido, está simplesmente a ser abusado física ou psicologicamente.

Cuidado humano cientificamente aprovado

Podemos usar os novos dados científicos sobre cães para nos guiar no mundo dos comportamentos caninos que achamos problemáticos. Resolver comportamentos caninos problemáticos na verdade não tem nada a ver com controlo, liderança ou domínio do cão – tem simplesmente a ver com aumentar a probabilidade de sinalizar ao cão o comportamento correcto, tendo a certeza de que temos a total atenção do cão quando o fazemos e tendo a certeza de que estamos mesmo a recompensar os comportamentos desejados.

À medida que novos dados surgem, a nossa única hipóteses é aceitar que o uso do conceito da dominância tem encorajado o uso de técnicas que são perigosas para os donos tal como para os cães e que são injustas e muitas vezes abusivas para com os cães. Para aqueles que queiram usar factos como trunfos nesta afirmação, vejam o AVSAB dominance position statement e o Dog Welfare Campaign position statement.

Para divulgação a crianças recomendo o Blue dog (http://thebluedog.org/; para crianças entre os 3 e os 6 anos)

Dois pequenos e populares livros sobre comunicação canina que podem ser interessantes tanto para veterinários como para os amentes de cães em geral: Tail Talk: Understanding the Secret Language of Dogs (Chronicle Books, 2007) e The Canine Commandments (Broadcast Books, 2007).

As boas notícias são que agora podemos escolher não ser estupidificados pela dominância.

(imagem de: http://drsophiayin.com)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Lani - Lany?

Esta é a personagem que deu o nome à Lany:














É a Lani do Surf's Up (ou Dia de Surf em português).
Lani quer dizer céu em havaiano e por isso eu achei perfeito.

Já agora aconselho a que vejam o filme! =) Um daqueles clássicos de desenhos animados a não perder.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Estupidificados pela Dominância - Parte I - Por Dr. Karen Overall


Estupidificados pela dominância - Parte 1

artigo original aqui

Explorando os nossos mitos e concepções erradas sobre as relações humano-cão


O problema: A maioria dos problemas comportamentais caninos ou envolvem comportamentos naturais do cão que não são aprovados pelo homem ou não são compreendidos ou problemas relacionados com ansiedade que incluem verdadeiros diagnósticos comportamentais. O fundamento para se tratar qualquer problema comportamental canina assenta-se em:

  •  Compreender o que é “normal”
  •  Identificar e atenuar os riscos
  •  Comunicar eficazmente com o cão
  •  Ler os sinais comunicativos do cão
  •  Ir de encontro às necessidades do cão

E ainda, o principal conselho que demasiados veterinários e treinadores dão aos seus clientes, ignora por completo este fundamento e aparece focado principalmente nas necessidades humanas:

  •  “Você tem de dominar bem o seu cão!”
  •  “ Você tem de ter o controlo e mostrar ao seu cão quem manda!”
  • "Você tem de ser o alfa!”
  • "Você tem de ter a certeza que o seu cão é o submisso"

Será este focus antropocêntrico realmente necessário e será que reflecte verdadeiramente o nosso historial com os cães?

A resposta a estas duas questões: Claro que não! O conceito de dominância aplicado aos cães domésticos é baseado num profundo desconhecimento da história partilhada de cães e humanos.

A relação única entre cães e homens

Os cães têm uma relação única com os humanos que não se assemelha a nenhuma outra no reino dos animais domésticos. Os cães foram selecionados ao longo dos tempos de modo a colaborarem e trabalharem intimamente com os humanos e tal selecção deu origem historicamente a raças de cães que hoje em dia se encontram separadas por grupos.
Os dados moleculares confirmam que os cães estão geneticamente separados dos lobos desde à 135 000 anos. Dados Moleculares e antropológicos mostram que o cão tal como o conhecemos, vive na sociedade humana, desempenhando diferentes à pelo menos 15 000 anos. Dados antropológicos sugerem que a ligação cão-homem iniciou-se à cerca de 30 000 anos. Pelo menos nos 2 000 anos que passaram, definiram-se grupos de raças bem definidas, compostas por cães de diferentes tamanhos e formas que estão relacionados com determinada tarefa.
A maioria das variações físicas nas raças de cães é o resultado de selecção dum determinado comportamento que vinha acompanhado de um determinado aspecto físico. Por exemplo o tipo de pelo pode depender do tipo de comportamento desejado – como acontece por exemplo com a raça Springer Spaniel Ingles onde temos os indivíduos selecionados para trabalho são completamente diferentes dos indivíduos selecionados para exposições, chegando mesmo a parecer raças distintas.
A nossa relação única com os cães deriva da convergência entre a evolução do sistema social canino e humano que resultam do encontro entre grupos com os mesmo interesses que reconhecem o poder do esforço colaborativo seguido secundariamente pelas mudanças ao nível da função cerebral que permitiram ao homem e cão modernos entenderem-se e contarem um com o outro.

Padrões comportamentais partilhados por cães e humanos

Tanto os humanos como os cães:
  • Vivem em grupos familiares alargados
  • Providenciam cuidados parentais até à maioridade
  • Têm especial atenção e carinho para com os mais novos, mesmo que não pertençam ao seu grupo familiar
  • Dão à luz crias completamente dependentes e imaturas que requerem um grande cuidado e, mais tarde, cuidados constantes de interacção social.
  • Amamentam por um extenso período e no desmame passam por um período de alimentação semissólida (os cães regurgitam; os humanos têm as papas para bebé, mas o conceito é o mesmo)
  • Têm um extenso vocabulário vocal e não vocal
  • Têm uma maturidade sexual que precede a maturidade social
Dentro das características dos comportamentos sociais que os cães partilham com os humanos, está que o seu sistema social é baseado no respeito e consideração pelos outros indivíduos. Adicionalmente, muitos dos sinais comunicativos associados são redundantes (vários sinais com o mesmo significado), e a maioria dos sinais comunicativos são não vocais.

 Dados recentes indicam que os cães também são comparáveis com os humanos no que toca à cognição de complexidade social envolvida no entendimento de sinais de longa distância sobre, por exemplo onde está a comida escondida. Os cães conseguem comunicar melhor aos outros esta informação. Os cães aparentam ter a capacidade de “mapear” – fazer deduções sobre classe, nome, função e localização de um objecto, sem o terem aprendido – e comunicar esta capacidade aos humanos. Tal como os humanos, os cães sofre daquilo que nós reconhecemos como ansiedade desajustada – que interfere com o sei normal funcionamento.

Finalmente, quando examinamos as taxas de expressão génica  de mutações em regiões do tecido neuronal, a única espécie das estudadas que tem taxas comparáveis às dos humanos é o cão doméstico. Tais dados, quando comparados em conjunto, sugerem que os cães e os homens têm trabalhado como companheiros de maneiras mais profundas do que à partida pensaríamos.

As interpretações erradas e as limitações da literatura etológica e comportamental

·         A Dominância é um conceito etológico tradicional que diz respeito à capacidade individual de um indivíduo – normalmente em condições específicas e controladas – de  manter ou regular o acesso a um determinado recurso. É uma descrição da competição de  perder ou ganhar em relação a esses recursos. N~~ao tem de ser confundido com o status social, e não tem necessariamente de conferir prioridade no acesso a esses recursos.

·         Nas situações em que a dominância tem sido usada com uma preocupação de status, é importante perceber que não é definida como  a agressão por parte do “dominante”, mas sim como o afastamento do “submisso”.

·         O comportamento dos indivíduos de status social relativamente baixo, e não os de status social elevado, é o que determina as classificações hierárquicas relativas.

·         A classificação por si só tem de ser contextualizada como relativa. Pois na verdade os animais verdadeiramente acima na hierarquia são tolerantes para com os de hierarquia mais baixa, não mostrando os tais comportamentos dominantes.

·         Lutas por lugares sociais raramente dão origem a verdadeiras lutas físicas. Estas só aparecem quando todos os sinais comunicativos não são eficazes e falham.

·         Se não houver uma prévia presunção de uma sistema baseado na dominância, dificilmente se identifica tal sistema. Por exemplo, aquando do estudo de babuínos, classificou-se os animais de acordo com o tipo de comportamento (amigável, assustadiço, etc) e posteriormente, quando se analisou o comportamento específico dos indivíduos não foi observado um sistema baseado na dominância.

As interpretações erradas de problemas patológicos comportamentais e como eles surgem.
O mal uso e interpretação do conceito de dominância no que diz respeito aos animais domésticos, criou sérios problemas no que toca ao entendimento dum comportamento diagnosticado simplesmente como agressão por dominância (ou agressão por conflito). Existem três conceitos que sofreram com este tipo de interpretações:
  1. A Dominância tem sido erradamente equacionada como um status social ou ordem rígida numa hierarquia, que se pensou desenvolver-se através da competição entre cachorros que conseguem prever a necessidade de um status social em adultos. O comportamento de posse em relação a um osso foi sendo usado como um teste de dominância em cachorros. Na verdade, os cachorros são muito mais fluidos nas relações que mantém, que se vão alterando à medida que a química dos seus cérebros também se altera. A ordem hierárquica que é obtida através de actividades experimentais , está relacionada com a maneira como se realiza a experiência e não com os comportamentos em si. A própria actividade experimental vai criar uma hierarquia que antes não existia, induzindo os resultados que se esperam à partida.
  2. Devido à maneira violenta como as pessoas acreditavam que a rígida hierarquia era imposta, os humanos têm sido encorajados a colocar-se a eles mesmos no topo dessa suposta hierarquia de maneira a que eles mesmos sejam os dominantes. No entanto, a nossa história com os cães mostra-nos que a relação cão-humano é das que desenvolve mais trabalho cooperativo e colaborante. Um relação hierárquica como a que a teoria da dominância impõe não permitiria o desenvolvimento de tal relação de trabalho cooperante pois não deixaria ao cão nenhuma margem de manobra e teria de ser o homem a fazer todas as decisões relacionadas com a tarefa a desempenhar. Para além disso, os sistemas sociais baseados em comportamentos diferenciais e na obtenção de informação podem confundir-se com estes sistemas de topo-base (como o defendido pela teoria da dominância) se não forem observados cuidadosamente. Deferência e respeito em contextos apropriados removem a necessidade de controlo.
  3. Finalmente, cães que exibem tal diagnóstico que é baseado em ansiedade patológica e não no uso insuficiente de força, foram tratados exercendo-se dominância física e psicológica sobre eles. O conselho mais devastador que tem sido dado aos donos é que eles têm de ser dominantes para com os seus cães e mostrar-lhes (aos cães problemáticos) “quem é que manda”. Por causa desta moda, inúmeras pessoas têm sido mordidas pelos cães que elas próprias têm traído, aterrorizado e deixado sem alternativa. E para os cães que são diagnosticados com desordens de ansiedade (diagnóstico que envolve processamento de informação e análise precisa dos risco), os comportamentos usados para dominar um cão, tais como bater, gritar, enforcar (com coleiras enforcadoras), forçar o cão a ficar deitado, sentado, executar alfa-rollovers e outras técnicas punitivas e coercivas, convencem o cão que está magoado, necessitado e doente de que o humano é uma ameaça, resultando na degradação da condição do cão.

É para ontem a necessidade de mudarmos o nosso pensamento! 

Sobre a autora:
 
Dr. Overall, faculty member at the University of Pennsylvania, is a diplomate of the American College of Behavior Medicine (ACVB) and is board-certified by the Animal Behavior Society (ABS) as an Applied Animal Behaviorist.

domingo, 10 de junho de 2012

Desafio It's All About Dogs - Senta

Ora aqui estão maneiras bem mais acertadas de ensinar o "senta"... Tipo "magia", sem tocar no cão... eh eh

A Filipa e o Charlie do Treinos do Charlie

A Rita e o Lenny do Treinos do Lenny

E por fim, eu e a Lany =)

sábado, 9 de junho de 2012

Desabafo

Só para dizer que a experiência não é tudo. Aliás, a experiência não vale de nada quando se passa 20 anos a fazer as coisas erradas: