segunda-feira, 28 de maio de 2012

O meu cão obedece-me por amor e respeito - Por Paws Abilities

Artigo original publicado aqui


“Eu não devo ter de dar uma recompensa ao meu cão quando ele vem. Ele deverá vir por amor e respeito a mim”

Oh, estas palavras fazem-nos gemer! Esta ideia comum e persistente de que os cães devem ser perfeitamente obedientes apenas por amor e respeito ao dono é ridícula e danosa para a ligação cão-humano.

Este mito originou-se no uso de técnicas de treino compulsivo. Com as técnicas ditas tradicionais, um cão é elogiado quando faz um comportamento correcto e é corrigido (punido) se não o executa. Cães treinados com estas técnicas de facto trabalham para receber elogios sem a necessidade de uma recompensa mais substancial como comida ou um brinquedo, mas apenas o fazem porque o elogio serve como “marcador de segurança”.

Estes cães aprendem que quando estão a ser elogiados, não estão na eminência de serem punidos. Enquanto que o elogio, nestas situações específicas funciona certamente como um reforço, ele é mais importante como um marcador condicionado de que “Não te vai acontecer nada de mal por agora”, da mesma maneira que um clicker serve como um marcador condicionado de que “algo de bom vai acontecer”.

Não se confunda, cães que trabalham apenas para elogios não são mais leais ou devotos para com os seus donos que os cães que trabalham para comida ou brinquedos. Apenas a sua motivação é que é diferente. A comida não vulgariza a sua relação com o cão, de facto, muitos especialistas argumentam que usar comida como recompensa ajuda a fortalecer a ligação cão-humano. Comer é uma óptima actividade de ligaçõ: os casais vão comer fora juntos em encontros, e crianças que jantam regularmente com os seus pais, em contexto de família estão mais predispostas a falar dos seus problemas.

Os cães não são robots, e esperar deles uma resposta tipo robot é irrealista.

Considere a sua relação com a pessoa amada. Se a sua companheira lhe pede um refrigerante, você trá-lo-á sempre? Se lhe disser para sair do sofá e ir ela busca-lo isso quer dizer que já não a ama? Amor , obediência e respeito não são a mesma coisa, e uma relação saudável compreende isto.
Se o seu cão não lhe obedece, ele tem uma forte razão para isso. Os cientistas por vezes dizem “o rato tem sempre razão”, pois os animais não mentem. O seu cão pode estar cansado, confuso, distraído ou com dor. Ou ele pode simplesmente não estar motivado para fazer o que lhe pedem porque não foi construído um historial de reforço e consequentemente não lhe foi explicado convenientemente porque deve ele fazer o que lhe mandam. Não obstante, a sua desobediência não significa que ele goste menos de si ou que o respeite menos.

A questão de fundo que se coloca é que está correcto “pagar” ao seu cão por ouvi-lo dando-lhe uma recompensa como comida ou um brinquedo. Continuaria a ir ao seu trabalho se o seu patrão lhe dissesse que a partir de amanhã não lhe pagaria mais pois agora você já sabe fazer o seu trabalho?

Isto não serve para dizer que não é possível extinguir as recompensas com comida e ensinar o seu cão a trabalhar apenas pelo prazer do trabalho. No entanto, como em todas as relações, as bases vêm primeiro. Se o seu cão não desfrutar do treino consigo em troca de brinquedos ou comida, como é que pode esperar que ele desfrute de trabalho por nada a não ser o seu elogio? Vamos dar espaço aos nossos cães e não vamos esperar deles mais do que esperamos dos outros que amamos nas nossas vidas. Toda a gente será muito mais feliz com este pensamento…especialmente o seu cão.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Estimulação Mental - Trabalhar por comida ou tê-la de graça?

Numa conversa com a minha mãe enquanto estava a preparar uma "Orca Ball" para a Lany:


e ela comentou que achava aquilo uma tortura para a cadela ter de andar às voltinhas com aquilo para comer.

Nem de propósito, encontrei um artigo interessante sobre a gratuitidade dos alimentos que damos diariamente aos nossos cães.

Sinceramente, vale a pena pensar nisto:


Esquilos gostam de trabalhar pela sua comida


Muitos animais preferem trabalhar pela sua comida do que obtê-la de graça, refutando a teoria económica padrão.
Acabei de ler uns livros fascinantes de Dan Ariely que explica alguns dos aspectos positivos que a irracionalidade tem nas nossas vidas, baseando-se em alguns estudos psicológicos antigos e outros mais recentes.
O artigo que se segue baseia-se no livro “TheUpside of Irrationaity: The Unexpected Benefits of Defying Logic at Work and atHome” de Dan Ariely, Harper Collins (2010)


 
“Contrafreeloading” (em português é qualquer coisa como “contra-comida de graça”) é um termo usado pela etologista Glen Jensen, e refere-se ao facto de que os animais preferem merecer a sua comer do que comer sempre a mesma, mesma que esta seja de livre acesso.

Para melhor entender a alegria de trabalhar pela comida, Glen Jensen usou ratos adultos albinos para testar o seu apetite pelo trabalho. Imagine que é um rato participante neste estudo. Depois de uns dias a obter bolachas de um homem de bata branca, sempre à mesma hora, você aprende a esperar comida sempre aquela hora e a sua barriga começa a roncar precisamente antes do homem de bata branca aparecer – exactamente o que Glen Jensen espera que aconteça.

Assim que o seu corpo está condicionado a comer bolachas a uma hora determinada, as coisas mudam repentinamente. Em vez de ser alimentado na hora em que está com a sua fome no máximo, tem de esperar uma hora. Passada essa hora, o homem da bata branca coloca-o numa caixa com uma barra que você pisa acidentalmente e liberta uma dose de comida. Espectáculo! Você pressiona novamente a barra. Maravilha! – Mais uma dose de comida. Você pressiona mais uma vez, e outra, comendo alegremente, quando de repente a luz se apaga e ao mesmo tempo, a barra deixa de providenciar comida. Depressa vai aprender que assim que a luz se apaga, por mais que pressione a barra, deixa de haver comida.

De seguida, o homem da bata branca abre a caixa e coloca um pequeno copo no canto da caixa. Você não presta atenção ao copo. Apenas quer que a barra recomece a libertar comida. Você pressiona e pressiona, mas nada acontece. Desde que a luz esteja apagada, pressionar a barra não lhe serve de nada. Você começa a vaguear pela caixa e chega ao copo. “Elah! O copo está cheio de comida! Comida Grátis!!” você começa a comer e de repente a luz acende. Agora apercebe-se que tem duas possíveis fontes de alimento. Você pode continuar a comer a comida do copo, grátis ou pode voltar à barra e pressioná-la para obter comida. Se você fosse este rato, o que preferia fazer?

Assumindo que você pensa como os ratos (excepto um) do estudo, você decidiria não comer tudo do pequeno copo. Mais cedo ou mais tarde retornaria à barra para pressioná-la em troco de comida.
Jensen descobriu que muitos animais incluindo peixes, pássaros, gerbos, ratos, ratazanas, macacos e chimpanzés – tendem a preferir uma via mais longa e mais indirecta para obter comida do que uma via mais curta e directa. Isto é, desde que não tenham de trabalhar demasiado, o animal vai preferir ganhar a sua comida. De facto, a única espécie que, segundo estes estudos, prefere não trabalhar pela comida é o tão louvavelmente racional gato.

A ideia geral do contrafreeloading contradiz a ideia económica de que o organismo irá sempre preferir maximizar a sua recompensa pelo mínimo de esforço.
 
Para mais informações:
3. NPR interview of behavioral economist Dan Ariely about his new book, The Upside of Irrationality.

Artigo original aqui

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Como reagir quando o seu cão apresenta agressividade por posse contra outros cães - Por Pat Miller


Melhorar o comportamento – e a resposta emocional – de cães que guardam recursos de outros cães

 Artigo original aqui

Guardar recursos é um comportamento canino normal e natural. De facto, é um comportamento normal de praticamente todos os animais de sangue quente. Mesmo nós, humanos, guardamos os nossos recursos – por vezes de forma feroz. Pense bem: Nós fechamos portas, os donos de lojas instalam alarmes, as companhias contratam seguranças, os bancos guardam os valores em cofres, todos nós já experimentámos ciúmes quando alguém se aproxima da nossa cara metade, e podia continuar…

 
Os cães, tal como nós, guardam os seus recursos, e por vezes ferozmente. A forma mais problemática deste comportamento ocorre quando eles guardam os recursos dos humanos, mas também pode causar sérios problemas quando eles os guardam de outros cães. Dito isto, há alguns comportamentos de protecção de recursos que são aceitáveis. O dono sábio de um cão não só sabe a diferença entre comportamentos apropriados e inapropriados de protecção de recursos, mas também sabe como intervir, gerir e modifica-los.


Cenários de protecção de recursos

 

Se os cães não protegessem os seus recursos de outros cães, correriam o risco de morrer à fome – tanto na natureza, como em casa com muitos animais. É este instinto de sobrevivência que despoleta aquele olhar conhecido como “olhar penetrante” que precede derramamentos de sangue, batalhas às vezes fatais que podem ocrrer quando os cães brigam por recursos valiosos, mutuamente cobiçados: alimentos, brinquedos, objetos, lugares, camas, e atenção humana.
Existem diferentes cenários que podem ocorrer quando um cão escolhe guardar algo, indo desde uma saudável e normal interacção até uma outra que pode pôr em risco o bem estar e a vida dos intervenientes:
1)      Ideal: Cão A e Cão B têm os dois comportamentos apropriados – O cenário idela de protecção de recursos ocorre frequentemente em casas com muitos animais, parques públicos ou outros locais onde os cães se encontrem. Parece-se algo com isto: Cão A rói descansamente um (inserir objecto de valor aqui). Curiosos, o Cão B aproxima-se. O Cão A dá ao Cão B o “tal olhar”. O Cão B rapidamente acata, dizendo “Oh, peço desculpa!”, virando-se calmamente e continuando o seu caminho. Não há danos a registar. Muitas vezes esta situação ocorre sem que os donos se apercebam da mesma.
2)      Segunda melhor situação: Cão B tem um comportamento inapropriado mas o cão A acata – Cão A rói (inserir objecto de valor). Cão B aproxima-se. Cão A dá a ao cão o “tal olhar”. Cão B retorna ao cão A o “tal olhar”. O cão A acata, “Oops, desculpa!” deixando cair o objecto e indo-se embora. O cão B teve um comportamento inadequado mas o cão A não está para se chatear. O perigo aqui é que o Cão A pode deixar de suportar o comportamento inadequado do cão B.
3)      Agora estamos com um problema, Parte 1: O cão A tem um comportamento inapropriado – O cão A está a roer o (inserir objecto de alto valor). O cão B aproxima-se. O cão B acataria se fosse avisado, mas em vez dar o “tal olhar” o cão A salta passos comunicativos e ataca sem dar a oportunidade do cão B acatar o pedido de afastamento e ir-se embora.
4)      Agora estamos com um problema, Parte 2: O cão B é socialmente inapto – Cão A está a roer o (inserir objecto de valor). O cão B aproxima-se. O cão A dá o “tal olhar”. P cão B está abstraído de tal forma que continua a chatear o cão A, até que este sente necessidade de escalar a intensidade do seu comportamento, para fazer passar a sua mensagem, até à agressão, caso seja necessário.
5)      Agora estamos com um problema, Parte 3: O Cão B tem um comportamento inapropriado e o cão A não acata – O cão A está a roer o (inserir objecto de valor). O cão B aproxima-se. O cão A dá o “tal olhar”. O cão B retorna ao cão A o “tal olhar”. Em vez de acatar o cão A escala a sua resposta até a um comportamento agressivo de modo a manter a posse do seu recurso. O cão B aumenta reciprocamente o comportamento agressivo e inicia-se uma luta.

Os mesmos 5 cenários podem-se aplicar a diferentes situações de protecção de recursos – o cão que não quer partilhar o seu pau ou brinquedo; que fica tenso se outro cão se aproxima quando ele está na sua cama; ou que reclama a atenção total e individualizada do dono. Por isso se é comida ou outra coisa qualquer que o seu cão está a guardar, o que fazer acerca disso?

Tenha cuidado e tome consciência

 

Primeiro, há que tomar consciência da tensão existente aquando da posse de um recurso. É difícil de não percepcionar nos cenários 3, 4 e 5 mas se tiver cães que se comportem como nos cenários 1 e 2, por vezes é difícil ter noção de tal comportamento. É tempo de parar e reparar nestes pequenos pormenores! Com o cenário 1, onde os dois cães têm comportamentos apropriados, tudo o que precisa de fazer é manter a situação debaixo de olho. Desde que o padrão se repita, não tem com que se preocupar. Apenas precisa de continuar a observar o comportamento para tomar atenção caso haja alguma alteração – se, por exemplo, o cão B é mais lento a afastar-se ao longo do tempo, pode aumentar a tensão no cão A e fazer com que este escale o comportamento.
A maior parte dos cães vive as suas vidas felizes e contentes, junto com outros, comunicando eficazmente no que toca a recursos valiosos. É assim que é suposto funcionar – perfeitamente normal e apropriado.

Se vir sinais de aumento de tensão ou se vir o cenário 2 onde o cão B está a fazer bullyng ao cão A, é possível que existam problemas de futuro.  No entanto também é possível que o cão B se afaste sempre para o resto da vida juntos. Pode sempre continuar apenas a observar e intervir apenas se o comportamento começar a escalar. Poderá nunca escalar. Ou pode intervir com gestão e modificação agora, antes de ter algum tipo de estrago na relação entre os cães que seja difícil de reparar.

Pode gerir

 

Sou uma grande fã da gestão ambiental. Se a lista dos items que o seu cão protege é relativamente pequena e se as interacções de protecção de recursos são previsíveis, então, a gestão ambiental pode ser uma opção realista. Dê a comida ou brinquedos de roer aos seus cães apenas quando eles estão nas respectivas crates ou em quartos separados. Se o cão guarda brinquedos, brinque com eles separadamente e guarde os brinquedos quando os cães estão juntos. Caso encerrado.

Modificação, é no entanto uma opção, se a situação começar a evoluir de modo a que pareça que uma luta está eminente, devido a um sem número de minúsculos desencadeadores, tais como uma migalha a cair no chão, um lugar para descansar no tapete novo, ou o redor em torno de um humano tornar-se de repente mais valorizado. Claro que entretanto pode-se sempre recorrer à gestão ambiental, mas visto que a gestão ambiental comporta sempre um risco de  falhar e tendo em conta que as lutas por protecção de recursos podem tornar-se perigosas, é sempre importante ensinarmos aos cães os comportamentos apropriados quando estão perante recursos de alto valor.

Modificação

 

Agressão é causada por stress acumulado que leva o cão acima do seu limite de agressão (“Treshold”). Todos nós ficamos mais resmungões quando estamos mais stressados (Ver “A New Treshold”, WDJ Outubro 2010). Comece o seu programa de modificação minimizando o mais possível outros factores de stress presentes no meio onde o cão habita. Isso inclui criar estrutura e previsibilidade nas suas vidas; explorar e tratar qualquer possível condição médica que possa causar dor ou desconforto; e eliminar por completo métodos e instrumentos de treino que sejam coercivos ou que causem dor ou desconforto (coleiras de choque, coleiras de bicos, estranguladoras, punição física ou mesmo verbal).

Ao mesmo tempo introduza produtos e exercícios que induzam comportamentos calmos, tais como aumentar o exercício aeróbico, colocar as gravações “Through a Dog’s Ear”, usar as Thundershirts ou Anxiety Wraps, fazer massagens relaxantes e usar o TTouch.



 A treinadora Sarah Richardson dá ao Otto (Cão B) uma pequena recompensa de alto valor. O Peanut (Cão A – o que protege o recurso) sente-se ameaçado e observa atentamente o Otto a comer. Seguidamente Sarah dá uma recompensa ao Peanut. Ela repete este passo 1 umas quantas vezes até que o Peanut deixa de olhar para o Otto enquanto ele está a comer a recompensa. Em vez disso, ele passa a olhar para a Sarah antecipando correctamente que irá ele próprio receber uma recompensa.

Há algumas opções diferentes para modificação de comportamento de protecção de recursos. Pode optar por condicionar classicamente o cão A (o “guardião”) a adorar ter outros cães por perto, mesmo quando está na presença de recursos valiosos. Ou pode escolher condicionar operantemente o Cão A a oferecer um comportamento adequado quando está na posse de um objecto de alto valor e outro cão se aproxima. Ou pode optar pode usar contra-condicionamento com o cão B para que ele evite o cão A quando este está na posse de um recurso valioso.
Aqui está como cada uma destas situações funciona:

Contra-Condicionamento ao cão A
O objectivo de usar contra-cpndicionamento no cão A, é mudar a sua resposta emocional à aproximação do cão B, na presença de um recurso valioso. Este procedimento requer cães com o comando “senta-fica” ou “deita-fica” muito sólidos. Como alternativa pode usar trelas. É muito importante que o cão A nunca se sinta intimidado durante o processo; é por isso necessário perceber qual a distância de “treshold”
.
Passo 1
Comece com os dois cães sentados a alguns metros de distância (o suficiente para evitar comportamentos de protecção de recursos). Tenha à mão um recipiente com pequenas recompensas de alto valor. Dê uma recompensa ao cão B (o “não-guardião”) e de seguida dê outra ao cão A, sempre acompanhada de elogios numa voz calma e alegre. Se os cães estão a uma distância que obriga-o a dar alguns passos até chegar ao cão A, comece a elogiar à medida que anda. Repita até que se aperceba que o cão A fica entusiasmado quando o cão B recebe a recompensa; isto diz-lhe que foi feita uma associação entre o cão B receber uma recompensa e a recompensa deliciosa que lhe cabe a ele depois. Isto é uma Resposta Emocional Condicionada (CER em inglês “Conditioned Emotional Response” – a manifestação física da mudança emocional que ocorre por associar a presença do outro cão com a recompensa de alto valor.

Se começou com os cães muito afastados, quando tiver uma CER consistente, pode começar a diminuir gradualmente a distância entre os cães, obtendo sempre uma nova CER para cada distância até ter ambos os cães relaxados e a receber recompensas apenas a uns centímetros de distância. Dependendo dos cães isto pode ocorrer em apenas uma sessão ou em várias.

Passo 2
Tenha à mão um recipiente com a recompensa de alto valor. Fique à vontade com o cão A dentro de uma sala razoavelmente grande com a porta fechada – veja televisão, leia um livro, trabalhe no computador – mas não lhe dê nenhuma recompensa. Ignore-o completamente. Passados 20 a 30 minutos, traga o cão B para o quarto, de trela, e peça-lhe um senta. Dê uma recompensa ao cão B e em seguida passe cerca de 20 a 30 segundos a recompensar e elogiar o cão A. Seguidamente retire o cão B do quarto.

Em intervalos variados, traga o cão B para dentro do quarto e repita o procedimento – traga sempre o cão B para dentro da sala antes de fazer algum movimento em direcção ao recipiente onde guarda as recompensas. Repita até notar o cão A entusiasmado – a CER – quando vai buscar o cão B.

Passo 3
Repita o passo 2 mas desta vez dê ao cão A um objecto de alto valor que ele costume proteger – um osso, um brinquedo, a cama favorita. Se há coisas que ele guarde com menos intensidade, comece por usar esses items.

Coloque o cão A de trela com o recurso o mais longe possível da porta e ponha-se à vontade na sala durante 20 a 30 minutos antes de trazer o cão B. Passe a porta com o cão B, peça-lhe um senta, dê-lhe a recompensa e faça a rotina de 20 a 30 segundos de elogios e recompensas com o cão A. Repita até obter uma CER consistente cada vez que o cão B entra no quarto.

À medida que faz estas repetições, encoraje ocasionalmente o contacto visual entre os cães, várias vezes a diferentes distâncias. O contacto visual pode desencadear reacções mais agressivas e é bom que ambos os cães se sintam relaxados, mesmo quando mantém contacto visual. Se notar algum tipo de tensão, aquando do contacto visual, aumente a distância até obter a CER mesmo com contacto visual.

Gradualmente diminua a distância, obtendo várias CER’s com o Cão A a cada nova distância. Lembre-se de procurar e recompensar o contacto visual entre os cães.

Quando tiver diminuído a distância por metade, marque o local e comece outra vez à distância inicial, mas desta vez com o cão A solto. Isto não deverá despoletar nenhum tipo de tensão no cão A e deverá conseguir diminuir a distância entre os cães, muito mais rapidamente.



Passo 4
Repita o passo 3 com o mesmo objecto de alto valor em todos os quartos da casa, até que o cão A mostre CER’s consistentes em todos os locais.

Se o cão A proteger recursos de diversos cães, repita os passos de 1 a 4 com cada um deles. De seguida, faça o mesmo trabalho com vários cães, o cão A e o objecto de alto valor (de valor mais baixo).

Passo 5
Volte ao passo 3, novamente com o cão A de trela, mas agora, na posse dum objecto ainda mais valioso. Repita todos os passos com todos os cães, individualmente no início passando depois para grupos maiores, obtendo sempre CER’s consistentes antes de avançar para a fase seguinte. Passe de seguida para os objectos de alto-valor com o valor máximo até que o cão não mostre sinais de tensão.

Passo 6
Faça ensaios da situação de risco sem as repetições – uma verdadeira gestão de risco onde o contra-condicionamento se encontra com a vida real. Faça pelo menos um ensaio por dia e se sentir a tensão a reaparecer, volte atrás e faça repetições do procedimento no passo que for necessário para que o seu cão volte a ganhar o equilíbrio emocional necessário para se sentir relaxado na presença do outro cão e do objecto de alto valor.

Condicionamento operante no Cão A

Comportamentos de protecção de objectos de alto valor podem ser modificados usando oprotocolo de condicionamento operante CAT (ou Constructional Aggression Treatment) desenvolvido pelo Dr. Jesus Rosales Ruiz e Kelle Snider, MA da Universidade do Norte do Texas. 
O Cão A fica tenso e eventualmente agressivo porque ele está preocupado que a aproximação do outro cão seja uma ameaça para a posse do objecto de alto valor. Os sinais de desconforto que o cão A emite são normalmente suficientes para manter o outro cão à distância.

Para usar o protocolo CAT, coloque o cão A à trela com um objecto de valor moderado e aproxime-se até uma certa distância com o cão B. Se sabe que o cão A começa a mostrar sinais de desconforto aos 5 metros comece o protocolo com 7 metros de distância. À medida que se aproxima do cão A, tenha atenção a qualquer pequeno sinal de tensão. No instante em que vir esse sinal, pare com o cão B, marque esse local e espere. Assim que vir uma diminuição de tensão da parte do cão A, algum sinal de relaxamento, rapidamente dê a volta e afaste-se com o cão B de volta aos 7 metros de distância iniciais.

Faça uma pausa de cerca de 15 segundos (mais se achar que o cão A necessita de mais tempo) e de seguida repita o processo, voltando para a marca que deixou no local anterior. Faça repetições do processo até deixar de ver sinais de tensão no cão A, quando chega com o cão B ao local marcado.

Na sua próxima aproximação, ande cerca de 15 cm e marque o novo local. Provavelmente vai ver o cão A a mostrar sinais de desconforto novamente. Repita o processo de aproximação e afastamento até que os sinais de tensão desapareçam e diminua de seguida a distância mais uns 15 cm.

Com este processo estará a ensinar ao cão A que um novo comportamento – calma e relaxamento – irá fazer com que a ameaça ao seu objecto valioso se vá embora. À medida que ele age como se estivesse calmo e relaxado ele fica realmente calmo e relaxado e eventualmente deixará de se sentir ameaçado pela aproximação do outro cão.

Quando tiver terminado o processo com objectos de baixo a valor moderado, passe para os objectos que são mais ferozmente protegidos pelo cão A e repita todo o processo.

Com o contra-condicionamento, muda-se a resposta emocional do cão e como resultado o seu comportamento muda. Com o condicionamento operante (CAT) muda-se a resposta comportamental do cão e como resultado muda-se a resposta emocional.

Condicionamento operante com o cão B
Também pode operantemente ensinar ao cão B um novo comportamento na presença do cão A com um objecto de alto valor. Esta é uma boa 2ª linha de defesa quando combinada com a modificação do comportamento de protecção.
Pode ensinar o cão B a retirar-se ao seu sinal; também pode ensinar ao cão B a retirar-se quando o cão A dá algum sinal de tensão, tais como olhar fixo e lamber os lábios. A vantagem desta última hipótese é que assim não terá de estar presente para que o cão B se afaste.

Eventualmente, vai notar que a mera presença do cão A com o objecto de valor se torna no comando para que o cão B se afaste. Se notar o cão B a sair da sala antes sequer do comando, vá atrás e recompense – é um bom sinal!

Quando o comando é dado (o seu ou o do cão A), guie o cão B para um local específico, preferencialmente noutra sala. Dê uma recompensa e elogie o cão B. Fique com o cão B uns minutos antes de voltar para o cão A e repetir o processo.

Então e se o cão A estiver no local designado para o cão B a usar o objecto de alto valor? É uma boa pergunta! É uma boa ideia usar condicionamento operante para ensinar ao cão B que cao o cão A esteja no quarto X é para ir para o quarto Y, caso o cão A esteja no quarto Y é para ir para o quarto X.

Vale a pena o esforço

 

Mantenha em mente que é possível que precise sempre dalgum grau de gestão ambiental, mesmo quando seguiu até ao fim e com sucesso o programa de modificação ambiental.
Por exemplo, mesmo que tenha feito um grande trabalho a modificar o comportamento do cão que tem tendência a guardar o brinquedo, é possível que não seja suficiente para fazer escalar o comportamento para agressão quando ele brincar ao tug com outros cães. Por isso, reserve esse jogo para si e para ele, e limite as brincadeiras com os outros companheiros caninos a interação e corridas. Seja esperto. Faça a gestão necessária, mantenha os olhos abertos e atentos a possíveis sinais de tensão e prepare-se para repetir os processos de modificação comportamental sempre que necessário.

Assim, aqui tem. Seleccione os métodos que preferir e comece a utilizá-los. Vai sentir-se bem quando conseguir notar  a diminuição de tensão entre os membros da sua família canina. Será também muito bom verificar que o seu cão “guardião” aprendeu novos comportamentos e associações.

Pat Miller, CBCC-KA, CPDT-KA, CDBC, is WDJ’s Training Editor. Author of numerous books on positive dog training, she lives in Fairplay, Maryland, site of her Peaceable Paws training center, where she offers dog training classes and courses for trainers.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

101 Coisas para fazer com uma Caixa

Este exercício que vou explicar aqui consiste num jogo de estimulação mental, que permite ao dono treinar a sua capacidade de timming do clicker e permite ao cão jogar a um jogo de oferta de comportamentos, permitindo-lhe ser criativo.

Consiste basicamente em colocar uma caixa de cartão ao pé do cão e Clickar/Recompensar (C/R) todos os comportamentos que o cão oferece onde inclua a caixa.

No início:


Mais avançado:


Super avançado:

terça-feira, 15 de maio de 2012

Agressividade por posse



A Lany sempre teve este problema de agressividade por posse de objecto. Sejam brinquedos, comida ou mesmo com água.
Em relação a pessoas, consegui que ela deixasse de ter este comportamento, fazendo um programa de dessensibilização e através do jogo do "troca".


No entanto com outros animais o problema mantém-se.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O mito da mão firme


Who?


Este blog vai servir para colocar vídeos e fotos e estruturas de treino em positivo.

Os principais intervenientes são a Lany e eu. Eventualmente também aparecerão os gatos Mimo e Tofu.